sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Algumas palavras sobre o Quilombo da Razão

Um quilombo é, por excelência, um lugar de inconformados. Este não é exceção. À época da escravidão, muitos escravos fugidos reuniam-se em lugares que lhes permitiam livrarem-se do jugo de seus senhores e dos maus tratos a que estavam submetidos. Não se conformavam àquela ordem e lutaram para escapar de sua esfera. Para esses locais dirigiam-se não só negros, mas brancos, índios, mestiços que também não se enquadravam na ordem vigente. Dada a atual flexibilidade quanto à "autodeclaração de coisas sobre si próprio incontestavelmente  verdadeiras ", quanto à criação de quilombos ou de outros entes sem lastro histórico ou real, resolvi também arriscar um novo significado ao termo "quilombola". Defini-o da seguinte maneira: "sujeito refugiado no quilombo da razão a resistir aos assaltos dos irracionalismos". Meu amigo Paulo Roberto de Almeida, para quem eu escrevera tais palavras, julgou a expressão "quilombo da razão" boa como metáfora, mas  deficiente como prática ao pensar que ela implicava uma atitude defensiva e renunciadora do bom combate de ideias. Em esclarecimento,   afirmei-lhe: "Nada de renúncias e se assim pareceu complemento: nosso quilombo da razão é apenas uma posição fortificada, uma base de operações para incursões contra os irracionalismos, seja lá a cor que tiverem". E foi com esse espirito que, enfim, resolvemos empreender este quilombo. Um local a salvo do politicamente correto, esse "moralismo descolado" que nos tem sido posto goela abaixo e que busca intimidar e sufocar qualquer crítica pelas mais diversas "condenações". Daqui partiremos em muitas incursões. Como dizia Goya: "o sono da razão produz monstros". Não esqueçamos disto.

Vinícius Portella

Porto Alegre,
11 0245 set 2010.

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